Chegamos na capital da Lituânia no final da tarde. Deixamos as malas no hotel e saímos andando despretensiosamente para fazer um reconhecimento do local. Nos países do Norte o verão garante claridade até depois da meia-noite.

Na avenida principal Gediminas encontramos um charmoso restaurante onde matamos nossa fome, após algumas horas de traslado Riga/Vilnius.

Depois do jantar decidimos continuar percorrendo esta importante avenida. Claro, ela fazia parte do nosso roteiro, mas no primeiro dia geralmente gostamos apenas de sair caminhando sem muita informação, pois aprecio muito minhas primeiras impressões.

Não demorou muito e logo reconheci o Museu da Ocupação, local que preserva a história dos anos que a Lituânia foi anexada ao bloco dos países soviéticos.

Do outro lado da rua uma praça gigante. A Praça Lukiškės é a maior da cidade. Está cercada por importantes edifícios públicos, incluindo Ministério das Finanças, Ministério das Relações Exteriores, Tribunal de Apelações, Academia de Música e Teatro.

Vôlei de praia e cinema ao ar livre

Atravessamos e vimos um grande tanque de areia montado na praça. De um lado uma rede onde um grupo jogava “vôlei de praia”, do outro, um espaço com espreguiçadeiras e guarda-sóis onde os visitantes podiam sentar confortavelmente para assistir ao filme que estava passando no imenso telão a frente.

Na lateral um espaço com vários pontos com luzes de onde jorrava água de forma assíncrona fazendo a alegria da criançada.

Uma placa bem-humorada “alertava” o visitante da presença de tubarões, portanto, “nadar” estava proibido.

Já passava das nove da noite, então, aproveitamos e ficamos por ali um tempo apreciando a movimentação e curtindo o “calorzinho” de 18 graus.

Areia da discórdia

Porém, nem tudo são flores. A praia artificial foi montada no final de junho e logo dividiu opiniões dos locais. Se por um lado foi ocupada por várias pessoas para curtir o espaço, por outro, causou o descontentamento de muitos. Com direito a protesto para ser removida e aprovação de lei de emergência.

Alguns lituanos se sentiram profundamente irritados porque a histórica praça fica em frente à antiga Sede da KGB, onde muitos lituanos foram detidos, torturados e executados por décadas. E para estes é um desrespeito ter atividades de lazer no local.

Poucos dias depois do espaço ter sido montado o parlamento lituano, chamado de Seimas, conseguiu aprovar a lei 78-11, dizendo que a praça Lukiskes deve ser reservada para “fins representativos”

A lei aprovada às pressas faz da praça central de Lukiskes a principal praça histórica de Vilnius e, como tal, deve refletir as lutas pela independência e a memória dos combatentes da liberdade que perderam a vida. No texto da lei a praça é também descrita como o local onde os insurgentes lituanos foram executados em 1863-1864 durante a ocupação do país pela Rússia czarista.

A medida aprovada pelo Parlamento anulou a decisão da administração do município que criou o local de recreação temporária, apelidado de “Praia aberta”.